Uma prece ao contrário


Cansei de sangrar meus desejos e não ver o chão florescer.
De estender a mão para o futuro e tocar apenas o vácuo.
A correnteza me engoliu tantas vezes que o escuro do rio já corre em minhas veias.
Perdi o gosto das promessas, o mapa dos sinais, a melodia oca do "vai dar tudo certo".

​Agora, só anseio pelo silêncio que habita os ossos.
Quero existir sem a súplica no olhar,
sem ter que convencer o Universo de que mereço alguma coisa.

​E se há um Deus, que Ele me encontre em minha renúncia.
Porque eu, por enquanto,
só quero repousar desta fratura exposta que se tornou a minha fé.

– Diego Dittrich

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